A discussão pedagógica é fundamentada na teoria construtivista, cujo ponto central é a premissa de que o homem-agricultor/a possui um acúmulo de conhecimentos históricos, culturais, individuais ou coletivos que fazem com que ele esteja inserido no mundo do saber. Esses conhecimentos precisam ser valorizados e incorporados como elementos fundamentais de uma estratégia de desenvolvimento rural, o que é quase impossível conseguir utilizando-se os métodos persuasivos da tradição extensionista.
Nesse sentido a COFASPI construiu uma larga experiência na execução de Projeto de Assitência técnica e Extensão Rural (ATER) ressaltando não só a necessidade de um melhor conhecimento técnico, mas também o papel de homens e mulheres que se fazem no trabalho cotidiano para assegurar a segurança alimentar e nutricional de suas famílias. Os projetos de ATER reconhecem, nesse plano, o papel protagonista das mulheres, que são as principais responsáveis pela alimentação da família e geralmente cultivam e criam nos quintais de casa, alimentos para o consumo interno.
Dessa forma, a equipe técnica da Entidade desenvolvem suas ações no sentido de fortalecer esse sentido familiar e agroecológica da agricultura, fazendo com que homens, mulheres, jovens e crianças, envolvam-se em todo o processo produtivo e reprodutivo. A idea é que o projeto de ATER permita uma reflexão mais ampla sobre a importância de cada um para a sustentabilidade do agroecossistema e da comunidade, possibilitando a construção de alternativas baseadas nas potencialidades e limitações de cada grupo.
Assim, as propostas de Assitência Técnica e Extensão Rural da COFASPI tem como bases metodológicas o respeito às diversidades sociais, étnicas, ecológicas e culturais, o respeito e a valorização dos conhecimentos locais, sob o enfoque da Agroecologia para desenvolver as atividades individuais, grupais e comunitárias, compreendendo desde planejamento, a execução, monitoramento e a avaliação das atividades, visando à emancipação econômica e social das famílias atendidas.
A Entidade também procura trabalhar em comunidades rurais e tradicionais, desprovidas de assessoramento técnico, com agricultoras/es familiares, beneficiários/as do Programa de Crédito Fundiário, organizados/as em associações e cooperativas, com cadastro nas políticas de acesso à água para consumo e produção e nos projetos de constituição e organização de espaços de comercialização solidária em execução pela COFASPI, dando maior ênfase a participação das mulheres e da juventude rural.
Dessa forma a Entidade se torna referência na articulação de experiências locais, ações de ater e políticas de enfretamento da insegurança alimentar, frente ao contexto ambiental, socioeconômico, produtivo e organizativo do Piemonte da Diamantina
É um desafio de todos (as) animadores de campo, coordenadores e toda equipe da COFASPI é conciliar convivência com o semiárido com melhoria da renda familiar e preservação ambiental, uma vez que os métodos tradicionais anseiam por desmatamento e uso de agrotóxicos nos processos produtivos, sendo estes, disseminados pela mídia e por alguns pensadores que priorizam sobre todas as coisas a produção, independente das técnicas e práticas utilizadas para tal, desconsiderando as questões ambientais, a saúde da população e as consequências negativas de modo geral.
Adotando uma metodologia que possibilite a participação do coletivo e o despertar do protagonismo dos/as agricultores/as, a educação contextualizada, nesta perspectiva, a partir das ações desenvolvidas pela COFASPI, já tornou possível algumas notáveis mudanças de posturas e de realidade a citar: redução do êxodo rural, aumento da produção agroecológica, segurança e soberania alimentar de famílias envolvidas, fortalecimento do protagonismo de mulheres e das instituições comunitárias, sobretudo das associações locais, cooperativas e experiência de economia solidária, criação de espaços alternativos para comercialização de produtos agroecológicos dentre outras.