Produção e comercialização de produtos agroecológicos

A proposta técnica da COFASPI é de trabalhar a Segurança Alimentar e Nutricional nos agroecossistemas em diferentes momentos: Assessoramento a transição agroecológica dos sistemas produtivos; Fomento e fortalecimentos de estratégias de organização da comercialização solidária e em mercados institucionais; Articulação de políticas públicas; Estimulo a inserção de Mulheres, jovens e quilombolas nestas políticas.

A proposta de Transição Agroecológica, é compreendida como um processo gradual e lento, que permitirá aumento da disponibilidade, qualidade e  diversificação da produção para autoconsumo e comercialização, e será trabalhada em três níveis (Gliessman, 2000):

  • Nível 1 – Aumento da eficiência de práticas convencionais, a fim de reduzir o uso de insumos externos, minimizando os impactos negativos no homem e no meio ambiente;
  • Nível 2 – Substituição de insumos externos e práticas convencionais por técnicas alternativas de fertilização e manejo fitossanitário, com reduzido dispêndio de capitais e menores danos ao ambiente;
  • Nível 3 – Redesenho dos agroecossistemas de forma que ele funcione baseado em um novo conjunto de processos ecológicos.

O fomento e fortalecimento de estratégias de organização da comercialização solidária em mercados institucionais, ampliará o acesso aos alimentos básicos que por fatores limitantes ambientais e ou industriais não possam ser produzidos nos seus agroecossistemas, por meio da renda monetária auferida pela comercialização do excedente da produção.

As iniciativas de organização de grupos de agricultores e agricultoras vêm fortalecendo o território do Piemonte da Diamantina nos últimos anos. Um dos principais avanços neste sentido são as formações dos grupos de produção, consumo e comercialização dos produtos agroecológicos e a efetivação das feiras locais voltadas para uma produção e consumo mais consciente e uma forma justa de comercializar.

As iniciativas neste sentido vêm fortalecendo os grupos produtivos e mudando a visão convencional, tanto de técnicas e conceitos produtivos como de consumo e comercialização. Os conceitos perpassam por uma maneira de produzir que entenda as relações que o meio ambiente fornece e na busca de um equilíbrio entre produzir e respeitar a natureza. Neste sentido foi possível, além de estimular a produção consciente, fomentar o pensamento em uma forma mais justa de construção do ambiente natural e social em que todos vivem e a partir dessas iniciativas, surgiu ainda a ideia de construir uma identidade de uma maneira nova de produção, consumo e comercio mais justos.

No entanto, o trabalho organizativo desses grupos perpassa por uma série de fatores que dificultam o sucesso desses empreendimentos, um

deles é a falta de experiência e capacitação para a gestão, uma dificuldade recorrente da maioria dos grupos e se configura a mais letal para o seu crescimento e desenvolvimento. Outro fator que inviabiliza o sucesso dessa forma organizativo, em sua totalidade é a ausência de orientação no sentido da construção de práticas que estejam associadas ao beneficiamento dos produtos, bem como a legislação vigente. Neste sentido, esse fator pode interferir diretamente na promoção desses produtos em meios mais exigentes.

Assim, a COFASPI vem apresentando propostas e captando projetos, a fim de oferecer apoio de gestão, beneficiamento, logístico, acesso a mercados, infraestrutura e de cooperação econômica (qualificações sobre manipulação dos alimentos, certificação, entre outros) para instrumentalizar e articular empreendimentos econômicos solidários e fomentar junto aos agricultores/as que atendidos pelo projeto Segunda Água, a COFASPI vem buscando realizar a conexão dos vários elos das cadeias produtivas ou mesmo reunir pares dos segmentos relacionando a produção até a comercialização fomentando desta forma, interligação entre as cooperativas e associações para atuarem em rede nos municípios que desenvolvem as Feiras Agroecológicas.

Um dos gargalos encontrados pelos produtores é a ausência de espaços para comercialização, e por se tratar do fato de que grande parte da produção é em pequena escala, que as feiras-livres se destacam como instrumento importantíssimo para comercialização dos produtos e valorização da identidade local. Surgindo a necessidade de requalificação dos espaços destinados as feiras-livres proporcionando um resgate da história das comunidades, aproximando o campo da zona urbana.

O trabalho é, e continuará sendo, a fonte do bem viver. Conforme a Rede de Feiras Agroecológicas do Piemonte (REFAS PIEMONTE) for crescendo, também irá se aproximar de tecnologias mais sofisticadas, produzindo um excedente maior como proposta de utilização das tecnologias já disponíveis, sendo utilizadas pelos grupos produtivos que passará a produzir de maneira sustentável, assim, proporcionará os bens e serviços necessários para garantir maior qualidade de vida e a cidadania de todas as pessoas que estão excluídas nas comunidades do Piemonte da Diamantina.

Trata-se, portanto, de construir uma nova sociedade de colaboração solidária em que os avanços científicos e tecnológicos sejam postos a serviço da libertação de todos os seres humanos e não do acúmulo de riqueza por um grupo reduzido de pessoas.

A colaboração mútua promoverá o consumo dos produtos da Rede de Feiras Agroecológicas do Piemonte da Diamantina, na medida em que contribuímos para aumentar o excedente nelas produzido, que é reinvestido na geração de novas oportunidades de trabalho e na melhoria do consumo de todos os que se disponham a trabalhar solidariamente.

Trabalhando e consumindo nas feiras, promoveremos o desenvolvimento sustentável, tanto ecologicamente quanto socialmente. Assegurando às pessoas, as condições para o seu bem viver e para a livre realização de sua dignidade humana. A colaboração solidária, por isso, vai além da dimensão econômica.

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