Município de Jacobina institui Fórum Permanente Agroecológico

 

O evento reuniu representantes do poder público, organizações sociais e contou com muita música, teatro e alegria.

 

Na última quinta (21), representantes de pelo menos 40 organizações da sociedade civil e do poder público instituíram o Fórum Permanente Agroecológico de Jacobina, na Bahia. A ação é parte da iniciativa Agroecologia nos Municípios (AnM), da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), que tem como objetivo promover, apoiar e sistematizar processos de mobilização e incidência política no nível municipal visando a criação e o aprimoramento de políticas públicas, programas, projetos, leis e experiências municipais importantes de apoio à agricultura familiar e à segurança alimentar e nutricional e que fortalecem a agroecologia.

 

A programação do evento incluiu momentos de trocas e reflexões coletivas. Todas/os presentes compartilharam desejos de esperançar, fazendo resistências em tempos desafiadores. Momento político em que se vivencia uma conjuntura nacional de retrocessos, com ameaças e extinção de direitos, como também um cenário de aumento da fome e da pobreza durante a pandemia. Um contexto revelador de que “o agronegócio não é pop”, batendo recorde de produção enquanto a população passa fome.

   

Para contrapor esse modelo de desigualdades, os movimentos agroecológicos buscam coletivamente fazer contra-hegemonia: “construir uma nova dimensão de agricultura, do modo de vida do campo, das florestas e das águas para o país”, como destacou Carlos Eduardo Leite, membro do Núcleo Executivo da ANA na Região Nordeste e coordenador da Articulação de Agroecologia da Bahia (AABA).

Carlos Eduardo Leite – ANA e Sasop.

Ele relatou ainda as experiências dos Encontros Nacionais de Agroecologia (ENAs), o histórico de construções de políticas públicas e incidências políticas dos movimentos sociais em prol de uma agricultura agroecológica que alimenta vidas, valoriza as experiências das famílias agricultoras e povos tradicionais, protagonistas na produção de alimentos saudáveis. São esses alimentos que chegam na mesa da maioria das brasileiras e brasileiros.

Ana Pinho, professora e membro do Condema e ACIJA.

 

Também foi discutido o papel da agroecologia como modelo de vida e produção viável para regeneração da natureza e a importância de ser inserido no currículo educacional do município: “o nosso planeta precisa muito de socorro e quando a gente incentiva nossos alunos a cuidar de uma horta, a proteger cada plantinha cultivada, começa ali o amor para ele”, refletiu Ana Pinho professora da rede particular de ensino de Jacobina e integrante da comissão organizadora do fórum.

 

Municípios Agroecológicos – Na Bahia, Jacobina foi escolhida como município piloto da iniciativa devido ao seu destaque a partir de um conjunto de experiências de famílias agricultoras, quilombolas e de outras comunidades tradicionais. Dentre elas, a Rede de Feiras Agroecológicas do Piemonte da Diamantina, com 15 anos de existência. Outras ações são as políticas públicas que fomentam os processos de transição agroecológica, a exemplo da assistência técnica implementada por organizações sociais, com parceria dos Governos.

Na região, a Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI) é uma das articuladoras do Municípios Agroecológicos, entidade que tem mobilizado outros coletivos a compor esta iniciativa de construção coletiva. A partir da constituição do Fórum Permanente Agroecológico de Jacobina/BA, as organizações integrantes deste grupo elaboraram uma carta compromisso que foi também assinada pelo Prefeito de Jacobina, Thiago Dias (PCdoB).

 

O documento descreve os objetivos do Fórum e sua composição, com a formação das comissões de: assistência técnica; cooperativismo, associativismo e organizações sociais; educação contextualizada; meio ambiente e turismo; gênero e geração.

 

 

 

O próximo passo é o planejamento de ações de cada comissão, a organização de uma audiência pública municipal, dentre outras iniciativas a serem gradualmente estruturadas, alimentando as utopias que movem as lutas pela vida.

Créditos: Texto – Luna Layse Almeida e Ediane Bispo (Comunicação COFASPI); Fotos –  Maita Carvalho Ascom/PMJ, Maria Camila e Ediane Bispo (Comunicação Cofaspi)
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