Mais de 300 agricultoras se encontram para trocar experiências sobre a caderneta agroecológica

Foto: Manuela Cavadas

Texto: Comunicação Pró-Semiárido/SDR GOV BAHIA

“Mulheres são como águas, crescem quando se juntam”. É partindo desse mote que tem embalado movimentos de mulheres de todo o país, que está sendo realizado o I Encontro das Guardiãs da Agrobiodiversidade do Semiárido Baiano, com o tema caderneta Agroecológica; feminismos, empoderamento e autonomia das mulheres. O evento reúne mais de 300 agricultoras familiares no Centro Diocesano, em Senhor do Bonfim, nestes dias 17 e 18 de dezembro.

O encontro é uma realização da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio do Pró-Semiárido, projeto fruto do acordo de empréstimo feito entre o Governo do Estado da Bahia e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

“Este evento amplia a visibilidade do trabalho das mulheres que é um esforço que o Governo do Estado tem feito desde outros projetos, a exemplo do Gente de Valor. O projeto Pró-Semiárido foi a continuidade do trabalho de gênero. Essa ação com as Cadernetas parece tão simples, mas tem uma importância fundamental, pois deixou visível que o trabalho das mulheres não é a Judá, mas está pari passu com o dos homens!”, salientou durante a mesa de abertura, o subcoordenador do capital social do Pró-Semiárido, Samuel Lyra.

“No momento que a caderneta chegou, e que foi anotada deu visibilidade para aquilo que toda mulher sertaneja está acostumada a fazer, só que muitas mulheres dizem: ´eu faço nada só tomo conta da casa, meu marido que trabalha´. Mas toda mulher gera alguma renda. Então, essa caderneta chegou para nós pra dar uma visão do nosso trabalho, para ajudar muitas mulheres. Nós estamos aprendendo a viver a caderneta, porque a caderneta não é só anotação é uma forma de viver. Com ela a gente aprende e abre os olhos pra ver o tanto de coisa que a gente faz”, ratificou a agricultora Maria Silvani Gonçalves que mora na comunidade de Angico, no distrito de Pinhões, em Juazeiro.

O primeiro dia do Encontro trouxe ainda, a socialização dos caminhos percorridos da sistematização das Cadernetas Agroecológicas e alguns dados expressivos da produção das mulheres em seus quintais. Para se ter ideia, a contabilização da produção registrada pelas 351 mulheres que usam as cadernetas no projeto, somam 404 tipos de produtos de origem animal, vegetal, beneficiados, medicinais e artesanato. A renda gerada por meio da venda, troca, consumo e doação do que é produzido por estas mulheres corresponde a um valor de mais de 173 mil reais, no período de agosto a outubro deste ano.

Além da presença das agricultoras que têm registrado a sua produção nas cadernetas, o evento conta com a participação de parceiros, técnicos e técnicas e Agentes Comunitários Rurais (ACRs). Na mesa de abertura, as boas-vindas foram dadas pelo Chefe local do Pró-Semiárido, Cleiton Lin e contou com a presença de Beth Cardoso da organização CTA da Zona da Mata de Minas Gerais; da Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Laeticia Jalil; da agricultora, Maria Silvani; e da gerente de gestão do conhecimento do programa Semear internacional, Aline Martins.

Beth Cardoso é uma das idealizadoras da Caderneta Agroecológica. Em sua fala ela traçou um histórico de como se constituiu a ferramenta metodológica e destacou que a caderneta vem mostrar a importância da produção das mulheres. “A gente fala que a caderneta é um instrumento político e pedagógico porque é a partir do aprendizado sobre a própria produção delas que elas passam a ter autonomia financeira. A produção das mulheres é a riqueza que não aparece nem nos dados econômicos, então a caderneta é boa também para mostrar que as mulheres estão fazendo rodar a roda da economia”.

Em sua fala, Aline Martins, destacou que o trabalho que as mulheres agricultoras desenvolvem nos seus quintais são de suma importância para o fortalecimento da segurança alimentar e nutricional dos povos. “Vocês estão fazendo a diferença, num momento em que o mundo está adoecendo”.

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