Evento reuniu agricultoras/es, representantes de movimentos sociais, da sociedade civil e da Prefeitura de Jacobina.
Na tarde de terça-feira, 24/08, agricultoras/es, representantes de movimentos sociais, da sociedade civil e da prefeitura de Jacobina se reuniram para celebrar a escolha da cidade como o município piloto da iniciativa “Agroecologia nos Municípios” no Estado da Bahia. A ação tem contribuído para mobilização social em prol da criação e aprimoramento de políticas públicas, programas, projetos, leis e experiências municipais de apoio e fomento à agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional e da agroecologia.
“O que a gente entende por agroecologia?”, foi a pergunta inspiradora e orientadora dos primeiros diálogos, conduzidos pelo consultor estadual Cláudio Lasa ao destacar as diferentes possibilidades de aproximação da prática agroecológica com o cotidiano da população de Jacobina. “A agroecologia é um conhecimento comum a todos nós, está na nossa vivência e na nossa prática. Por isso, vale a pena perguntar: se Jacobina hoje é conhecida como a cidade do ouro, por que não poderia ser conhecida futuramente como a cidade da agroecologia?”, perguntou.
Do seu lugar de vivência, a agricultora Antonina Oliveira entende que, “a agroecologia é um todo na vida do ser humano. Tirando da terra e deixando na terra, em vez do desmatamento, já se tem a ideia dos agricultores não fazerem queimadas, tudo isso é agroecologia e visão diferente que já tão tendo”, disse.
O Agroecologia nos Municípios é coordenado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em todo o Brasil e, em Jacobina, é conduzido através de parceria com a Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (Cofaspi), a Articulação de Agroecologia na Bahia (AABA) e a Prefeitura Municipal de Jacobina.
Para Robson Aglayton da Cofaspi, a iniciativa vai muito além do fortalecimento dos movimentos agroecológicos. “Vem com a visão de nós tratarmos de forma mais séria a sobrevivência do homem no planeta Terra”, ou seja, uma desconstrução dos modelos de produção de alimentos e desenvolvimento que adoecem o planeta Terra. “A agroecologia tem um olhar holístico. As nossas ações têm que pensar nas questões sociais, culturais e ambientais”, refletiu. Robson Aglayton, coordenador do projeto ATER Agroecologia Cofaspi/Bahiater.
Na Bahia, Jacobina foi escolhida devido ao seu potencial produtivo e ambiental e as experiências destacadas de agricultores/as familiares com vivências agroecológicas. Tais experiências são incentivadas a partir do acesso à políticas públicas, como assistência técnica, acesso à água por meio de tecnologias sociais e as capacitações. Outro critério foi a adesão à carta compromisso Políticas de Futuro, (https://url.gratis/dYT3BC), lançada pela ANA durante as eleições de 2020, e que foi assinada pelo então candidato a prefeito, Tiago Dias (PCdoB).
Na ocasião, Tiago Dias ressaltou a parceria e disponibilidade do Poder Público para o fortalecimento da proposta. “Esse é o primeiro de muitos eventos que ainda virão a acontecer a partir dessa agenda. Estamos sempre disponíveis a essa construção conjunta”, destacou o prefeito.
O próximo passo é a construção de um plano de ação e incidência política, visando contemplar os eixos de assistência técnica, acesso à mercados e comercialização, cooperativismo, saúde e alimentação, direitos das mulheres, juventudes, povos e comunidades tradicionais, educação contextualizada, meio ambiente e turismo, pois entende-se que a agroecologia é holística, transversal e precisa está presente em todas as áreas.
Para Nilde Oliveira, diretora de planejamento da secretaria de agricultura, a iniciativa chega em boa hora, diante de tantos desafios relacionados à participação social. “Nós estamos em um forte momento de mobilizações em torno da importância do associativismo aqui. É nesse sentido que destaca a importância de os movimentos sociais, as entidades da sociedade civil, entre outros, se disponham a construir agendas junto com o Poder Público. Não adianta apenas votar nas eleições, é preciso estar por perto nos momentos de tomada de decisão”, afirmou Nilde.
O evento ainda foi abrilhantado com o cordel do agricultor Ademir do Carmo e as partilhas de agricultoras que enviaram elementos da cultura da roça e produtos agroecológicos, para decoração. Também foram adotadas todas as medidas de prevenção ao coronavírus (Covid-19), e feita transmissão ao vivo pelo instagram da Cofaspi.
Texto: Priscila Viana – comunicação/ANA e Anne Girassol – comunicação/Cofaspi.
Fotos: Luna Layse – Coletivo de Comunicação/Cofaspi.