Comunicação Popular

 

Foto: Luciana Rios

No Semiárido brasileiro, a população sofre com a negação de direito humanos básicos para a sobrevivência, como a terra, alimentos saudáveis, água, educação, saúde, entre outros, como o da comunicação, vista como menos importante quando se trata de emitir e receber informações de forma consciente e democrática.

O povo ainda passa por discriminação no víeis das expressões culturais e vivências nas atividades agrícolas. Nesse contexto, a mídia tradicional controlada pela burguesia do país, cria e reforça preconceitos quando apresenta o sertão em seus meios de comunicação, geralmente de maneira estereotipada, como sendo um lugar de atraso, pobreza, fome, desesperança, seca e morte, resumindo como um lugar impróprio para viver. Sendo assim, torna-se equivocado mostrar apenas o lado negativo e transforma-lo na única imagem do Semiárido, ao invés de disseminar que o campo, como qualquer outro espaço é plural e diverso.

Dessa forma, a comunicação popular disseminada pela Articulação Semiárido Brasileiro – ASA Brasil (rede de organizações da sociedade civil, formada por mais de 1.000 organizações espalhada por 10 Estados do Brasil, que trabalham para o desenvolvimento social, econômico, político e cultural da região semiárida), esta associada à luta pela defesa dos direitos humanos, pois a experiência das famílias agricultoras na luta pela terra e condições de vida digna, pela preservação do patrimônio genético guardando e cultivando sementes crioulas, nas iniciativas agroecológicas produzindo alimentos de forma sustentável com respeito à natureza e sem uso de agrotóxicos, a organização em grupos e a partilha de saberes precisa ser cada vez mais divulgada para que se torne exemplo e se multiplique contrapondo o modelo de agricultura que ameaça o presente e o futuro da existência de vida do planeta, o agronegócio.

Torna-se pertinente abordar que a comunicação popular, pode se caracterizar pela ideia oposta a comunicação das grandes mídias, pelo desejo de mudança. Está conectada a mobilização, à educação e conscientização política de grupos, sendo uma manifestação cultural de grupos com canais de comunicação próprios que mobilizam para atender seus interesses, a exemplo de maior participação política.

Segundo Cicília Maria Khroling Peruzzo (2008), a comunicação popular é uma forma alternativa de comunicação e tem sua origem nos movimentos populares dos anos de 1970 e 1980, no Brasil e na América Latina como um todo. Ela não se caracteriza como um tipo qualquer de mídia, mas como um processo de comunicação que emerge da ação dos grupos populares. Essa ação tem caráter mobilizador coletivo na figura dos movimentos e organizações populares, que perpassa e é perpassada por canais próprios de comunicação. Em síntese, a comunicação popular é uma alternativa que se caracteriza como expressão das lutas populares por melhores condições de vida que ocorrem a partir dos movimentos populares e representam um espaço para participação democrática do “povo”. Possui conteúdo crítico-emancipador e reivindicativo e tem o “povo” como protagonista principal, o que a torna um processo democrático e educativo.

A comunicação popular também pode ser definida como um instrumento político das classes subalternas para externar suas concepções de mundo, seus anseios e compromissos na construção de uma sociedade igualitária e socialmente justa. O movimento popular passa a marcar sua presença tanto de forma autônoma (dando depoimentos e contando histórias de projetos sociais bem sucedidos), como grupal, quando as propostas dos movimentos sociais passam a sensibilizar e a permear a programação da mídia, embora nem sempre de forma favorável aos mesmos. (PERUZZO, 2004).

Dessa forma, a COFASPI por fazer parte das organizações que formam a ASA, produz comunicação popular contribuindo para mostrar um Semiárido rico em possibilidades e estratégias de Convivência, ações essas praticadas pelas famílias agricultoras, que possui histórias de suas experiências que pode ser compartilhadas em Sistematizações de experiências em convivência no Semiárido. Com satisfação, participa desse contexto onde muitas histórias ganham vida, as experiências se espalham, a voz de agricultoras/es repercute e o sonho de uma comunicação participativa, democrática, descentralizada aponta no horizonte como possibilidade real. Com base na formação, mobilização social e de valorização da identidade camponesa.

Comunicação é direito humano!

Essa comunicação se diferencia das demais, por desenvolver sua divulgação, explanação e midiatização trazendo em todo viés de seus meios e formatos de comunicar seus conteúdos através da “sistematização”, que tem o papel de contar histórias e experiências de pessoas, famílias ou grupos, que vivem e valorizam a região Semiárida, mostrando povos de resistência e superação, através das tamanhas alternativas e possibilidades que o Semiárido oferece para viver nessas terras.

A COFASPI contribui para ser suporte das famílias agricultoras do campo. Para isso, faz uso de meios e formatos de comunicação para explanar as belezas desse Semiárido, através das mídias sociais, site e página no facebook, em programas radiofônicos, boletins impressos, registros fotográficos e de audiovisual, entre outros.

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